Vendedores do Mercado da Ribeira dizem que estão a perder clientes
Os vendedores tradicionais do Mercado da Ribeira perderam clientes desde que aquele espaço foi reformulado para exploração pela empresa da revista Time Out, em Maio passado. Foi a queixa apresentada, terça-feira (dia 29 de Julho), perante a Assembleia Municipal de Lisboa, por um vendedor de flores ali instalado desde 1989, durante a última sessão daquele órgão antes das férias estivais. E isto apesar de o referido comerciante até reconhecer que o local está “incomparavelmente mais bonito”.
Com a recente reconversão, salientou o vendedor António Alves Miguel, o Mercado da Ribeira tornou-se “uma coisa diferente”. “Por coincidência ou não, estamos a vender cada vez menos. Os clientes que temos deixaram de ir, muitas pessoas deixaram de ir, porque o mercado já não é o mercado para onde fomos em 1989”, queixou-se.
António Miguel criticou também a Polícia Municipal (PM) por, alegadamente, estar a ser mansa com o estacionamento irregular, quando dantes seria dura. “Durante anos, era raro o dia em que um operador daquele mercado não era multado por ter o carro mal estacionado. Neste preciso momento, ninguém é multado, desde que os senhores da Time Out foram para lá”, disse.
O cidadão criticou também a organização do estacionamento para os operadores do mercado, dizendo que não há uma separação clara das zonas dos vendedores e dos concessionários do restaurado equipamento da Praça de Dom Luís I.
CML tem luz verde para primeiro pacote de alienação de património
Também na sessão de ontem da assembleia, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, teve que se esforçar, fazendo várias intervenções, para defender o primeiro pacote de uma série de 17 propostas de alienação de património camarário, num total de 24 prédios.
Com uma agenda financeira apertada, o município quer assim amortizar 59 milhões de euros do total de 65 milhões a pagar este ano. Nesta “bóia de salvação do executivo”, como lhe chamou o deputado municipal Sobreda Antunes, dos Partido Os Verdes (PEV) , incluem-se, por exemplo, os palácios Marquês de Tancos e Monte Real e o muito polémico quartel do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB), à beira do Hospital da Luz (grupo BES), que para lá se quer expandir.
Chegou a dizer-se que o executivo estava a montar uma hasta pública à medida do hospital privado. Mas António Costa insistiu em dizer que o quartel, o mais recente erguido em Lisboa, em 2004, já tinha o destino traçado no âmbito do programa de restruturação da estrutura operacional do RSB, aprovado no ano passado.
Costa acrescentou que o seu e executivo teve o cuidado de alterar o Plano de Pormenor do Eixo Urbano Luz-Benfica de forma a alterar o uso do terreno, para permitir que lá se construa também habitação. Isso fez subir a avaliação do lote dos 11 para os 15 milhões de euros. A proposta de alteração do plano de pormenor acabou por ser aprovada com os votos da maioria socialista, o voto contra do BE, PEV e PAN e a abstenção do PSD, PCP, CDS e MPT.
A Comissão de Finanças, Património e Recursos Humanos da AML, que se pronunciou sobre todas as propostas votadas – aprovadas pela maioria, com a abstenção do PSD e PAN, voto contra do BE e diferentes posições de PCP, PEV e MPT, conforme as circunstâncias – , alertou que as transacções devem ser transparentes e avisou que as vai acompanhar.