O aumento da renda proposto pela empresa dona do edifício, na Rua das Portas de Santo Antão, levou a centenária Sociedade de Geografia de Lisboa e pedir ajuda ao Estado para evitar ter de sair da sede que há muito ocupa.
A instituição, criada em 1875, encontra-se no edifício propriedade da empresa do Coliseu dos Recreios desde 1897, ocupando um espaço de cinco pisos especialmente concebido para ela e inaugurado por ocasião dos 400 anos do descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia.
Com base na nova lei das rendas, a empresa da família Covões, proprietária do edifício, propôs à Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL) uma nova renda que a instituição científica e cultural não pode pagar. Foi apresentado “um valor proibitivo”, disse ao Corvo o professor Luís Aires Barros, presidente da direcção da SGL.
Um adjunto da direcção da SGL, contactado na sede, já dissera antes que “o governo tem esse processo em mãos. Já tivemos encontros com diversos membros do governo e estamos à espera”, disse a mesma fonte, que não quis dizer quais os valores em causa.
Aires Barros disse que as negociações em torno da nova renda se iniciaram no início do ano, mas não quis entrar em pormenores, nomeadamente quanto aos valores em discussão, por o processo ainda estar a decorrer. Confirmou, no entanto, que a intervenção do Estado passou já por uma avaliação das instalações.
O director explicou que a intervenção do governo decorre da própria génese da actual sede da SGL. Segundo recordou, partiu do fundador da Sociedade, o historiador e político regenerador Luciano Cordeiro, a proposta de que o Estado interviesse na construção da actual sede, pois, na altura, “estavam apenas as paredes”.
O edifício, contíguo à popular sala de espectáculos, acolhe um museu etnográfico e uma importante biblioteca com mais de 60 mil obras, considerada fundamental para o estudo dos Descobrimentos e das viagens de exploração de África. Entre outros documentos, guarda os diários de viagem de Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens, Silva Porto e Gago Coutinho.
Aires Barros expressou confiança numa resolução positiva do problema durante o corrente ano.
Texto: Francisco Neves