A 19 de Março de 2008, nascia a Associação Renovar a Mouraria (ARM). Era a institucionalização de um sonho. Um grupo de amigos escolhia para viver o bairro e decidia resgatá-lo do esquecimento. Após reuniões em casa uns dos outros, criam um movimento. Entre o final de 2007 e o início de 2008, o Renovar a Mouraria sai em ronda pelo bairro, recolhendo assinaturas, em simultâneo com actividades musicais e gastronómicas. Surgia, assim, um dos pilares do processo de regeneração do histórico bairro, situado no coração da cidade, ali mesmo junto à Baixa.
Ao longo destes seis anos, os imigrantes têm sido quem mais procura a associação. Os portugueses são, apesar de tudo, mais renitentes. Isto porque, diz Inês Andrade, dirigente da associação, “têm sido vítimas de promessas não esquecidas, de políticas vãs”. O que não sucede com os estrangeiros, chegados ao bairro há muito menos tempo. Apesar disso, o conjunto dos moradores já tem uma atitude substancialmente diferente face à associação, participando sobretudo nos eventos de rua.
A diversidade de actividades surgidas, ao longo destes anos, em volta do bairro acabou por atrair pessoas de outras realidades para uma “nova Mouraria”. Isto porque, em paralelo, estavam a decorrer os processos de reabilitação dos vizinhos Martim Moniz e Intendente. Um tecido urbano vai-se regenerando.
A construção desta realidade, contudo, não é consensual. Os comerciantes do bairro, por exemplo, têm opiniões divergentes sobre o assunto.
Em Dezembro de 2012, a Associação Renovar a Mouraria inaugurou a sua casa comunitária, a Mouradia. Localizada no Beco do Rosendo, é a base da instituição, na qual se desenvolvem a maioria das actividades, funcionando também como um ponto de encontro de pessoas, de etnias, de grupos sociais, de diferentes idades e de diferentes vontades. No fundo, é a cara da associação, cuja actividade mais simbólica, e prova da transversalidade da sua acção, são os cursos de português para estrangeiros, sempre bastante participados.
Este ano, estão previstas obras de reabilitação dos contíguos edifícios 4 e 6, a construção do forno e da churrasqueira para uso comunitário, o palco e ainda intervenções de luz.
O Mercadinho do Beco decorre no último sábado de cada mês e pretende angariar fundos para obras na Casa Comunitária e área envolvente. Com a reconstrução da calçada, o reabilitação de corrimões, um parque para bicicletas e carrinhos de bebé, a associação reforça a sua actividade.
O aniversário é amanhã, mas a festa da Associação realiza-se a 22 de Março, no próximo sábado.
Ver o trabalho completo em:
http://sandraijoliveira.weebly.com/
Texto e multimédia: Sandra Isabel Oliveira
* Trabalho realizado no âmbito do ateliê de Jornalismo Digital do Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas (Cenjor)