O aspecto é decadente, desde há muito. Mais que isso, o crónico mau estado de conservação chegou a um ponto tal que, no ano passado, partes da fachada caíram, obrigando ao encerramento temporário da via pública. Depois disso, o mais que se viu no prédio com os números 42-46 da Rua dos Remolares, ao Cais do Sodré, foi a substituição dos velhos taipais que, há anos, tentam prevenir os efeitos do avançado estado de ruína nos pisos superiores. Um cenário que está prestes a acabar, promete o fundo de investimento Sete Colinas, detido pela Caixa Geral de Depósitos e dono do imóvel.
Questionada pelo Corvo sobre este assunto, fonte oficial da instituição financeira detida pelo Estado explicou que o referido edifício “tem um projeto de reabilitação aprovado na Câmara Municipal de Lisboa, o qual foi objeto de uma análise para melhor o enquadrar na procura atual de mercado, prevendo-se que, a curto prazo, possam iniciar-se as obras de requalificação e, na sequência, a sua comercialização”. Poderá estar, assim, para breve o início da recuperação de um prédio que, de tantos anos de abandono, tem já frondosos arbustos no topo da fachada.
O edifício foi adquirido, em 2008, pelo Fundo de Investimento Imobiliário Sete Colinas, que na altura valia 90 milhões de euros e pertencia à Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobiliário (Fundimo), da Caixa Gestão de Activos. O fundo passou, porém, a designar-se de Fundger, na sequência do processo de averiguações aberto, no final de de 2011, pela própria Caixa e da queixa-crime que esta fez ao Ministério Público pela suspeita de ilegalidades em processos de compra e venda de imóveis em 2007 e 2008. O caso foi noticiado em Julho de 2013 pelo jornal PÚBLICO.
Texto: Samuel Alemão