As obras de reconstrução do prédio do número 42 do Largo Luís de Camões, na esquina com a Rua das Gáveas, decorrem desde o Verão passado – isto apesar das telas publicitárias cobrindo a fachada do edifício serem uma constante desde o início da década. Com o começo dos trabalhos, o passeio contíguo foi ocupado pelo estaleiro do empreiteiro, delimitado a toda a largura por tapumes metálicos. Em teoria, estes constituir-se-iam como uma barreira intransponível pelos peões, para os quais é sugerido através de sinalização a circulação pela placa central da praça. Isto em teoria.
Porque aquilo a que se assiste, todos os dias, naquela zona é um inusitado jogo de alternância na ocupação de parte da faixa de rodagem. Ignorando as regras de segurança, e até da comodidade, muitas centenas de pessoas passam rente aos tapumes, sujeitando-se às rasantes dos automóveis e, sobretudo, dos eléctricos da linha 28 em direcção à Calçada do Combro. A cada vez que um vagão amarelo da mais famosa carreira se aproxima, ouve-se o tinir frenético da sua campainha, alertando as pessoas do perigo que correm – e muito em especial os que possam não se aperceber da vinda do eléctrico pelas suas costas. O risco de esmagamento ou arrastamento é grande, embora poucos dos que optam por ali passar pareçam se aperceber disso.
Texto: Samuel Alemão