A Mouraria era, até há pouco tempo, um bairro cuja imagem remetia, quase de imediato, para um quadro de degradação. Algo que, de certa forma, tem vindo a mudar através da reabilitação em curso na zona. Oportunidade que alguns estabelecimentos comerciais não hesitaram em aproveitar. Como a Doce Mila, que criou os pastéis da Mouraria. Surgidos há cerca de ano e meio, os bolos procuram ocupar um lugar nas tradições da cidade. À imagem, por exemplo, dos pastéis de Belém.
Texto: Carlos de António Fotografias: Pedro Fernández de Iñigo
Um bolo quente acompanhado de um café é o pequeno-almoço tradicional de muitos lisboetas, durante os dias da semana. Amplamente consumidos e, por certo, no topo das preferências de muitos, os pastéis de nata fazem companhia a uma extensa lista de outras guloseimas pasteleiras – bolas de Berlim, palmiers, queques, croissants, enfim. Mas, desde há pouco mais de um ano, o leque ampliou-se um pouco mais. Nasceram os pastéis da Mouraria.
Pequenos, de cor alaranjada e cremosos debaixo da sua superfície crocante com um invólucro de massa como base, apresentam-se ao público como uma alternativa aos tradicionais pastéis de nata ou de Belém. Feitos à base de feijão branco, amêndoa e ovos, assentam numa nova receita que se procura distinguir e fazer sobressair o bairro onde são fabricados.
A pastelaria Doce Mila, criadora destes doces, situa-se no Beco dos Cavaleiros, bem perto do Martim Moniz, praça também ela incluída na zona de influência do, ainda em revitalização, eixo Mouraria-Intendente. Foi, aliás, esta dinâmica que levou os donos deste pequeno estabelecimento familiar a procurar um produto que os evidenciasse, chamando a atenção da generalidade dos consumidores.
“Trabalhava na hotelaria já há alguns anos, tal como os meus pais, que já tinham este negocio há 25 ano. Por isso, tínhamos que inventar alguma coisa para nos diferenciarmos na zona”, afirma João Guedes, 23 anos, filho dos proprietários e gerentes da pastelaria. Nascia, assim, a receita que só há um ano foi registada, após ter sido concebida pela pastelaria Doce Mila, apenas há um ano e meio.
É no seu interior que, todos os dias, são confeccionadas estas doçuras. Ali, os funcionários dedicam-se à sua produção até ao meio-dia. O tempo de elaboração anda à roda dos 40 minutos. “Vendemos a clientes individuais e a restaurantes”, diz João. “São umas 15 caixas de seis unidades, todos os dias”.
Aos poucos, as vendas têm vindo a aumentar. E isso acontece muito por culpa de que a Doce Mila se decidiu dar a conhecer através do tradicional passa-palavra e das novas possibilidades que oferece a tecnologia, sobretudo das redes sociais. “Promovemo-nos em feiras e também através da nossa página de Facebook”, diz João.
Os pastéis da Mouraria podem ser encontrados em outras lojas ou restaurantes, mas o abastecimento é feito directamente pela pastelaria que os fabrica. Isto porque, uma vez desenvolvida e devidamente registada a receita, apenas a Doce Mila pode comercializar este produto como fabricante. Por isso, com toda a certeza, João assegura que os pastéis não se vendem em bares, “apenas em restaurantes”.
É uma forma de defender a viabilidade deste negócio familiar, no qual trabalham os pais de João e mais dois outros empregados. No total, são apenas quatro as pessoas que levam por diante a tarefa de fazer um doce que se quer afirmar como parte de uma nova tradição lisboeta.
A pastelaria está instalada no Beco dos Cavaleiros, um recanto junto à Rua dos Cavaleiros, pela qual sobrem eléctricos e hordas de turistas. Está ali quase como que escondida, num ambiente que se pode considerar típico do bairro onde se localiza.
Uma vez lá entrados, enquanto estamos a consumir, existe a possibilidade de ver na cozinha os funcionários a desenvolverem o seu trabalho, dando forma aos pastéis que serão depois vendidos. “Procuramos estar próximos do cliente, a nossa máxima é que se sintam em casa”, diz.
A porta do pequeno estabelecimento encontra-se encimado por uma tradicional guitarra portuguesa, que funciona como a sua imagem de marca. “Escolhemos esta imagem, porque é muito típica do nosso bairro, além disso, também temos aqui perto, numa praça, uma estátua da guitarra portuguesa”. Nenhum detalhe é deixado ao acaso por parte de João. “É importante que reconheçam o sítio onde estamos e o que nos representa”.
Talvez daqui a uns anos estejamos a falar destes pastéis como algo tão turístico como os pastéis de Belém ou o eléctrico 28. Veremos como evoluirá a popularidade do novo doce lisboeta. De momento, no prato já só restam as migalhas.
Patricia… 😉
Fixe! 🙂
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Não passam de pasteis de feijão, comi, gostei, como muitos pasteis de feijão que se vendem por esse Portugal fora.
Aproveitam-se de uma receita com grande tradição em portugal, e usurpam com a maior descaradeza com o compadrio dos meios da comunicação social, que tanto me admira a sua ignorância nesta matéria. Pura contrafacção.
Ass. Um amante da doceria nacional