A polémica empreitada de requalificação em curso na freguesia da Ajuda deverá terminar no próximo mês, disse ao Corvo a Lisboa Ocidental SRU, empresa municipal responsável pela obra.
De qualquer modo, a empresa estuda a possibilidade de intervir em duas artérias não incluídas no plano inicial – travessas Paulo Martins e da Memória – onde poderá haver “obras por mais 2 a 3 meses”, disse Teresa do Passo, presidente da administração da empresa. A informação consta de uma resposta da dirigente da SRU a um conjunto perguntas enviado pelo Corvo aquando da reportagem sobre as obras (Moradores da Ajuda dizem que obras danificam casas).
A empreitada, que motivou queixas de alguns residentes por causa de danos nas suas casas, devia ter acabado em Janeiro, mas o tempo chuvoso, a dureza do solo rochoso, “atrasos das intervenções da EDP” e “diferenças entre o ‘cadastro’ de infraestruturas enterradas e a sua real localização e estado de conservação” exigiram mais tempo, disse a mesma fonte.
Teresa do Paço reconhece que, em zonas como a Travessa da Memória e a Rua João Castilho, houve valas abertas por “um período superior ao previsto”, mas atribui este precalço a “atrasos das intervenções da EDP”. Moradores destas artérias atribuiram alguns danos nas suas habitações ao tempo excessivo que estiveram alagadas as valas contíguas aos edifícios. “Estiveram abertas mais de um mês e foram abertas pelo empreiteiro da SRU”, queixou-se um morador.
Questionada sobre quando e como irá a SRU reparar os danos que alguns moradores lhe imputam, Teresa do Passo respondeu: “As reclamações são analisadas pela empresa Vibeiras, SA, que, como empreiteiro das obras, é também responsável pelas patologias que das mesmas possam ter resultado. As reparações têm sido efetuadas à medida que se averiguam as responsabilidades. Salienta-se que, para a execução de empreitadas de obras públicas, os empreiteiros têm de possuir um conjunto de seguros que cobrem, entre outros, estes riscos.”
A Lisboa Ocidental diz ter conhecimento de cinco reclamações de estragos nas habitações.
A administradora entendeu não ter de comentar um relatório de uma corretora de seguros relativo ao “assentamento” de um rés-do-chão da Trav. da Memória, aparentemente resultante do tempo excessivo de abertura de valas, o qual afirma expressamente que tal situação “devia ter sido acautelada pelo dono da obra” – neste caso, a empresa municipal.
A responsável da empresa considera que a relação entre a SRU e os moradores se desenvolveu “de forma positiva” apesar de se tratar de um tipo de obras “sempre muito difícil para a população” e para “as empresas que as executam”. A empreitada, refere, contribuirá, entre outras coisas, “para aumentar o valor patrimonial e comercial do bairro.”
“Tendo em conta estas compreensíveis, mas inevitáveis dificuldades, que penalizaram moradores, comerciantes e utilizadores, as reclamações recebidas ficaram até aquém do que se poderia esperar”, diz ainda a administradora da SRU.
Texto e fotografia: Francisco Neves