Decadência do Jardim Botânico Tropical denunciada por movimento cívico
Há anos que se sabe do imperturbável avanço na decadência de um dos mais singulares jardins da capital portuguesa. Apesar dos sucessivos alertas, porém, nada tem sido feito. Ao ponto de o estado de conservação do Jardim Botânico Tropical, em Belém, se revelar bem diferente daquele que seria de supor num equipamento que, além de ser património do Estado e apresentar características únicas, está classificado como monumento nacional. Por isso, o grupo cívico Fórum Cidadania LX vem agora solicitar, num comunicado, que a sua tutela passe da Universidade de Lisboa para a Presidência da República.
Tal alteração – que se processaria “por via de uma parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, a Direcção-Geral do Património Cultural e a Associação Portuguesa dos Jardins Históricos”, defende o grupo de cidadãos – permitiria que a recuperação e a manutenção do Jardim Botânico Tropical e dos seus edifícios, incluindo o Palácio da Calheta, se realizasse a médio prazo. Uma mudança de tutela que, para além do que o colectivo considera ser a flagrante incapacidade da universidade em manter o outrora designado por Jardim Museu Agrícola Tropical e por Jardim do Ultramar, se justifica também pelo facto de o espaço verde se localizar, desde 1912, na antiga cerca do Palácio de Belém.
No comunicado publicado nesta terça-feira (26 de julho), é denunciado um conjunto de situações que contribuem para o quadro geral de degradação e desleixo. E elas incluem quer o mau estado de conservação da estatuária de origem italiana do século XVIII, quer o dos 14 bustos da autoria do escultor Manuel de Oliveira – concebidos em 1939 e 1940 e que representam várias etnias africanas, de Timor e Macau -, passando pelo que resta do património da Exposição do Mundo Português (1940), ou ainda o esquecimento a que se encontram condenados alguns dos espaços verdes.
“A ‘estufa grande’, exemplar raro em Portugal, está abandonada, com vários vidros partidos e com partes da importante estrutura em ferro já em falta”, denuncia-se no comunicado, que lamenta ainda o facto de o ‘Jardim Oriental’ estar “degradado, com pontes danificadas, os cursos de água e o lago central sem água”.
“O palácio dos Condes da Calheta está degradado (portas e janelas) e fechado ao público, sem qualquer programa de actividades, impossibilitando a visita do seu rico património azulejar”, critica-se também no mesmo texto, em que se refere que o Jardim Botânico Tropical tem, ainda assim, cerca de 1400 visitantes diários.