Mau estado das coberturas nos acessos ao metro do Campo Grande obriga a obras urgentes
A degradação acelerada dos acessos norte à estação de metro do Campo Grande e à interface intermodal de transportes públicos ali existente vai obrigar à realização de obras imediatas na sua cobertura. Aquela infraestrutura, inaugurada em 1993, aquando da abertura da então nova estação do Metropolitano de Lisboa, apresenta há muito sinais de decadência, com evidente degradação das paredes e do tecto, bem como profusão de graffiti e clara insalubridade. A intervenção agora prevista custará cerca de 50 mil euros Câmara Municipal de Lisboa (CML), a qual recentemente adjudicou a obra com carácter de urgência. Isto apesar de o mesmo regime excepcional da prometida intervenção já antes ter sido anunciado pela autarquia, em maio do ano passado, durante uma sessão da Assembleia Municipal de Lisboa (AML). Previa-se, na altura, que os trabalhos de reabilitação ocorressem no verão passado. Passados quase nove meses, tudo continua na mesma.
O mau estado daqueles acessos, que fazem a ligação entre a estação de metro do Campo Grande e o maior terminal de autocarros para os municípios de Odivelas, Loures, Mafra, Arruda dos Vinhos, Sobral de Monte Agraço e toda a região Oeste, tem-se vindo a acentuar. Ao ponto de o local ser cada vez menos utilizado pelos passageiros. Disso mesmo dava conta O Corvo, em abril de 2016, quando relatou o ambiente de degradação ali presenciado. “O cheiro é reconhecível a alguns metros e confirma o que os olhos alcançam lá do fundo do corredor. O chão cheio de lixo – sobretudo cigarros, jornais e sacos de plástico, mas também garrafas e latas de cerveja – e as paredes muito sujas e grafitadas servem de cartão de visita. Mas há pior, pois em alguns cantos dos dois acessos norte à estação de metropolitano do Campo Grande avistam-se dejectos e poças de urina”, escrevia-se na altura. A recente reabertura dos sanitários públicos, utilizáveis por 30 cêntimos, resolveu apenas parte do problema.
Além da evidente falta de condições de salubridade, a infraestrutrura sobrelevada apresenta diversos sinais de corrosão nos seus elementos metálicos, entre os quais na cobertura. O que motivou a intervenção agora anunciada. A 23 de maio do ano passado, perante os deputados da AML, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, anunciava uma “intervenção de emergência” na cobertura dos acessos, a decorrer no seguinte mês de agosto – calendarização justificada por se tratar da altura do ano em que “a estação tem menos carga”. As obras custariam cerca de 80 mil euros – mais 30 mil do que as agora previstas. Naquele momento, o autarca disse ainda que a interface de transportes do Campo Grande seria “completamente reorganizada”, aproveitando um terreno que foi liberto de uso como parque de estacionamento, há uns anos, junto à Segunda Circular. A intervenção, que deverá arrancar este ano, prevê uma alteração profunda do parqueamento de autocarros e do espaço público.

A 3 de janeiro passado, O Corvo questionou a Câmara de Lisboa sobre a reabilitação da cobertura dos acessos à interface do Campo Grande – as perguntas eram “Que género de intervenção está em causa? Existe ou existia perigo para a segurança pública, dada a natureza urgente da intervenção?” – , mas não obteve resposta da autarquia até ao momento da publicação deste artigo.