O acesso à Torre de Belém, Património da UNESCO desde 1983, foi renovado. A estrutura metálica existente foi retirada e substituída, quinze anos depois, por um passadiço feito de madeira africana de azobé.
Esta madeira é “adequada às condições atmosféricas e do mar a que este está sujeito, bem como ao eventual ataque de xilófagos marinhos”. A informação da Direcção-Geral do Património Cultural acrescenta ainda que foram feitas várias intervenções como a limpeza do espelho d’água ou reparação das cantarias degradadas.
Os trabalhos, concluídos este mês, custaram 154 mil euros e colocam fim ao estado de degradação em que se encontrava o anterior passadiço metálico, instalado como provisório em 1998.
“Isto era uma vergonha”, diz Tózé, artista de rua, que tem a Torre de Belém como um dos locais da cidade onde promove o seu espetáculo musical. “Alguns turistas até tiravam fotografias à ferrugem do passadiço”.
A madeira de azobé, de tom acastanhado, do novo passadiço é resistente ao ataque de organismos, como os crustáceos e moluscos e está referenciada em países como a Costa do Marfim, a Nigéria, os Camarões ou o Gabão.
Este monumento, que já serviu de fortificação militar, de controlo aduaneiro, de farol, de telégrafo, e até de prisão política, durante o reinado de Filipe II de Espanha, recebe anualmente milhares de visitantes. Por isso, deveria merecer um pouco mais de atenção. Na zona envolvente à Torre de Belém, nomeadamente no seu espelho d’água, encontram-se muitas vezes vários detritos. Uns provenientes do rio, outros da falta de urbanidade de alguns transeuntes na zona, apesar de existência de vários locais para depositar o lixo.
No jardim frontal à Torre de Belém, começa a ser visível a degradação de um grande número de palmeiras, atacadas pelos escaravelho vermelho. Este besouro proveniente de Ásia tornou-se numa praga das palmeiras, tendo já feito os seus estragos com particular intensidade na região do Algarve.
Na zona do monumento, podem observar-se equipas de limpeza da autarquia, mas é importante reforçar a visibilidade da sinalização, num dos locais de referência da capital.
Texto e fotografia: Mário de Carvalho