Lisboa de portas abertas este fim-de-semana
ACTUALIDADE
Samuel Alemão
Texto
David Clifford
Fotografia
URBANISMO
VIDA NA CIDADE
Beato
3 Outubro, 2013
Uma cidade é como uma casa. Nela se criam projectos de familiaridade, rotinas, intimidades. E recebem-se visitas, franqueando aos olhares exteriores lugares com identidade própria. A Lisboa Open House deste ano, a decorrer no fim-de-semana (dias 5 e 6), abrirá as portas de seis dezenas de espaços para que as pessoas os fiquem a conhecer para além do que é usualmente permitido. Observar o interior e o exterior, ver para além do óbvio e mergulhar nos bastidores de edifícios, lugares e equipamentos que tenham uma importância simbólica ou funcional reconhecida na cidade – embora alguns sejam quase anónimos e de uso privado – é o objectivo desta iniciativa da Trienal de Arquitectura de Lisboa. Do Terminal Fluvial do Terreiro do Paço à Escola Alemã de Lisboa, passando pelos Paços do Concelho, a ETAR de Alcântara, a Pizzaria Casanova, o edifício da RTP, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, o Edifício Franjinhas, são bastante diversificadas as portas e janelas por onde entrar, gratuitamente, nesta iniciativa, que regressa após o sucesso da primeira edição, em 2012.
Do século XVI ao século XXI, e divididos nas categorias Equipamentos, Infraestruturas, Comércio e Serviços e Habitação, os espaços poderão ser visitados através de um programa de visitas guiadas e passeios de bairro, sempre sem pagar. “A ideia é mostrar às pessoas coisas que, normalmente, não podem ver por terem acesso restrito ou observam de forma superficial, quando passam de autocarro. Muitos dos espaços não são correntemente visitáveis. Pretende-se revelar e reforçar uma segunda camada de interpretação”, promete Patrícia Marques, coordenadora da iniciativa, que é replicada em duas dezenas de cidades mundias, como Nova Iorque, Barcelona, Londres, Buenos Aires ou Roma. O Open House foi criado em 1992, por Victoria Thornton, fundadora do Open House e diretora do Open-City, que esteve presente na primeira edição lisboeta.
No ano passado, o Open House contou com a participação de cerca de 50 espaços arquitectónicos e recebeu mais de 13 mil visitas ao longo de dois dias. Este ano, contará com mais uma dezena de lugares visitáveis (a lista completa pode ser consultada em www.lisboaopenhouse.com e está dividida pelas áreas Ocidente, Oriente, Centro, Avenidas Novas, Norte e Centro Histórico), dando a conhecer não apenas o que foi edificado – e entre ele inclui-se algumas habitações particulares – mas também as paisagens. “Os itinerários de Lisboa Open House percorrem-se a pé, de bicicleta ou de transportes públicos, de preferência”, aconselha a organização desta celebração da vida urbana e que visa criar animação nos anos entre a realização de cada edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa.
Um dos lugares que, este ano, suscita mais curiosidade é o ainda por inaugurar novo Museu Nacional dos Coches, cujas inscrições para visitas estão já esgotadas. Aliás, das 60 propostas visitáveis, cerca de uma dezena já tinha as inscrições completas, a meio desta semana. “Prova de que certos edifícios e espaços continuam a suscitar grande curiosidade”, salienta Patrícia Marques, que chama a atenção para outras estreias no programa destes ano: Assembleia da República, embaixada de França, Liceu Passos Manuel e Reservatório da Patriarcal, bem como diversas habitações particulares. No domingo de manhã (10h), haverá uma passeio de bicicleta por um dos locais incluídos na lista, o Corredor Verde de Lisboa, com partida de Monsanto e término no topo do Parque Eduardo VII, onde decorrerá uma conversa com um arquitecto paisagista.