Uma comunidade é mais que a mera junção de pessoas no mesmo local. Define-se pelos pontos de contacto entre elas e os propósitos que as juntam, apesar das idiossincrasias. Os espaços de cowork, onde se trabalha sob um tecto comum e seguindo o princípio da colaboração e partilha de ideias, mesmo que com objectivos e abordagens individuais diferentes, pode bem servir de exemplo. O CoWorkLisboa, projecto pioneiro na cidade e que acolhe o Corvo, abre agora os seus espaços de trabalho, na Lx Factory, em Alcântara, e na Central Station, no Cais do Sodré, à utilização gratuita por todos os menores de 25 anos e maiores de 60 anos. “É um apoio directo às pessoas, numa época de grande dificuldades económicas e de falta de emprego”, diz ao Corvo Fernando Mendes, o director-geral.
Os interessados só têm que enviar um email para info@coworklisboa.pt. A iniciativa começou na semana passada e conta já com a adesão de vários pessoas, sobretudo das mais novas. Alguns estudantes, ou jovens em transição entre o meio escolar e o profissional, ocupam já os lugares de trabalho disponibilizados pela CoWorkLisboa. Mas Fernando Mendes prefere sublinhar o “carácter intergeracional do espaço”. “Aqui, a questão da idade dilui-se bastante, acaba por não se fazer notar. No fundo, é uma zona de todos”, afirma, lembrando o carácter claramente eclético do projecto. Na verdade, a diversidade de actividades, a troca de ideias e a colaboração entre os que ali assentam sempre foi uma das suas linhas identitárias.
O mentor do CoWorkLisboa quer alargar essa forma de estar a novos elementos, seguindo os princípios da solidariedade, numa época de agrura económica. “Muitos, sobretudo os mais jovens, mas também alguns mais velhos, não têm um rendimento estável que lhes permita pagar por um espaço. Assim, com esta iniciativa, vamos tentar que cada pessoa consiga encontrar uma sinergia cá dentro e, se possível, alimentar um bocado este pequeno mercado interno que aqui temos”, explica Fernando Mendes. Ou seja, pode ser que com essas colaborações entre pessoas de diferentes áreas surjam novos projectos e negócios.
Texto: Samuel Alemão