Confeitaria Nova Lisboa fechou portas ao fim de 65 anos em Alvalade
Sem apelo, nem agravo, e praticamente sem aviso prévio, a Confeitaria Nova Lisboa que nasceu e cresceu com o aparecimento do Bairro de Alvalade, em Lisboa, fechou definitivamente as suas portas, no domingo, dia 1 de Março, ao fim de 65 anos de existência na Avenida da Igreja e para mágoa de muitos dos antigos moradores.
A notícia constante num papel afixado na porta da pastelaria-restaurante – no qual se alertava para o encerramento, por “motivos alheios à vontade” dos proprietários – surpreendeu muitos residentes do bairro, apesar de, nos últimos dois anos, circularem rumores de que a Nova Lisboa estava em risco de fechar.
O processo de insolvência fatal foi aberto no passado mês de Janeiro. E, se já em 2013 um outro processo se iniciara, sem que as portas fechassem, desta vez, não houve perdão. E, ao que se ouve dizer no bairro, “as dívidas acumuladas” pela Confeitaria e também pela fábrica existente em Santarém com o mesmo nome, determinaram o encerramento.
Se alguns já temiam o desenlace, outros clientes houve que bateram com o nariz na porta, na hora em que lhes apeteceu ir comer um prego à Nova lisboa – por muitos considerados dos melhores que a cidade já teve.
Dias antes, na ementa do restaurante, anunciada na página do facebook da Nova Lisboa, a escolha era variada, com perto de duas dezenas de pratos, que iam das favas com entrecosto, ao bacalhau à Gomes de Sá, passando pelos peixes grelhados, do robalo à dourada. Mas tudo acabou e nesta segunda-feira já nem ementa, nem bolinhos.

Nascida em 1950, no ainda muito jovem e inacabado bairro de Alvalade, a Confeitaria Nova Lisboa tinha fabrico próprio de pastelaria e acompanhava os novos hábitos importados de França. Era uma das principais produtoras das chamadas amêndoas francesas, que se vendiam na Páscoa, e, entre os bolos que vendia, tinha também croissants que eram famosos na cidade, bem diferentes dos que actualmente se encontram na maioria das pastelarias.
Apesar do encerramento da Nova Lisboa, a Avenida da Igreja continua a ser uma artéria cheia de cafés e de pastelarias, havendo no eixo principal pelo menos cinco. Mas para quem vive no bairro foi um dia “triste” aquele em que as pessoas se depararam com as portas fechadas da velha pastelaria.
“Eu sabia que aquilo estava para acontecer, mas dá-me imensa tristeza”, confessou ao Corvo José Nunes, dono da charcutaria Riviera e um dos mais antigos comerciantes do bairro, onde tem o estabelecimento aberto há perto de 60 anos.