No início de Fevereiro, os vereadores da Câmara Municipal de Lisboa (CML) aprovaram por unanimidade uma proposta de João Gonçalves Pereira (CDS-PP) para que os serviços da autarquia tenham concluído, num prazo de seis meses, um estudo sobre a viabilidade de os motociclos poderem usar os corredores BUS. Mas a Carris não gosta da ideia e alerta para o facto de tal cenário “poder vir afetar as condições adequadas de segurança”
Na sequência da aprovação dessa proposta – e de outra, do PCP, também votada favoravelmente por todos os vereadores nessa reunião, na qual se pede que sejam criadas “caixas de paragem” destinadas a esses veículos na linha da frente das faixas de rodagem, junto aos semáforos -, o secretário-geral Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) deu voz à “total oposição” dos taxistas a essa possibilidade. Agora, a transportadora manifesta-se também desagradada com tal cenário.
Questionada por O Corvo sobre esta iniciativa, que ressuscita uma ideia lançada originalmente pelo PCP em 2010, a administração da empresa de transportes públicos reitera a posição demonstrada no início da década. “A Carris tem alertado as entidades competentes, designadamente a autarquia, para a possibilidade de a circulação de motociclos nas vias reservadas a transportes públicos, vulgarmente designadas vias BUS, poder vir afetar as condições adequadas de segurança”, diz a empresa em resposta escrita. Há cinco anos, a empresa que detém os autocarros urbanos da capital manifestava já preocupações face a questões de segurança e à manutenção da velocidade de circulação dos seus veículos.
Lembrado que não é sua competência a organização dos espaços urbanos, a transportadora salienta, porém, que “emite opinião sempre que é chamada a pronunciar-se pelos órgãos competentes, designadamente pela autarquia”. E deixo clara o que pensam os seus responsáveis sobre a eventual aplicação da medida: “A Carris reitera a sua preocupação com a manutenção dos níveis de segurança na circulação dos seus veículos e no transporte dos seus clientes, sem comprometer a eficiência do serviço prestado, contando, para tal, com o apoio da autarquia na concretização destes objetivos e na adoção permanente de medidas de apoio à circulação do transporte público coletivo”.
Se tudo decorrer como o planeado, a Direção Municipal de Mobilidade e Transportes da CML estará pronta para levar a cabo esta experiência, no início de Agosto, numa primeira fase apenas numa “zona piloto” a definir. Na proposta do vereador do CDS-PP, lembrava-se que as recentes alterações ao Código da Estrada permitem tal modificação, a qual iria trazer “melhorias significativas na mobilidade e na eficiência energética da cidade de Lisboa, reduzindo os tempos de viagem […], aumentando a segurança dos condutores dos motociclos”.
Semelhantes motivações levaram os vereadores comunistas a apresentarem a sua proposta – que defende que seja criada na cidade, “na linha da frente das faixas de rodagem e junto dos semáforos, uma ‘caixa de paragem’ destinada a motociclos e a ciclomotores, pintada em cor adequada”. A ideia é fomentar o uso de ciclomotores e motociclos, porque estes “aumentam a fluidez do tráfego e diminuem os tempos de deslocação”.
Texto: Samuel Alemão