Numa altura em que algumas das lojas mais antigas de Lisboa, tanto as da Baixa como as dos restantes bairros, fecham portas ou sobrevivem com enormes dificuldades, fala-se cada vez mais em descaracterização do comércio e da cidade. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) está, por isso, a preparar um sistema de reconhecimento dos estabelecimentos mais icónicos da capital, que culminará na concessão de apoios fiscais aqueles que vejam a sua singularidade reconhecida. O dado foi avançado por um dirigente municipal, na tarde desta terça-feira (21 de Abril), durante a conferência “Baixa Pombalina a Património Mundial: ainda é possível?”.
“Estamos a trabalhar, no nosso pelouro, e em conjunto com o da Economia e Inovação e também com o da Cultura, na criação de um sistema de reconhecimento das ‘lojas de tradição’. E tal dará, depois, origem à criação de um conjunto de incentivos fiscais para ajudar a manter essas lojas”, revelou Paulo Pais, director do Departamento de Planeamento e Reabilitação Urbana da CML. Ajudas que poderão passar pela isenção ou por uma grande redução das taxas municipais. O responsável não deixou de assinalar, porém, as grandes dificuldades criadas a muitos dos estabelecimentos mais tradicionais da capital pelo novo regime de arrendamento urbano – a chamada “lei das rendas”.
A autarquia aprovou, em Fevereiro passado, a criação de Programa Lojas com História, através do qual se pretende instituir uma identidade comum a todos os estabelecimentos tradicionais de Lisboa, para assim os poder promover – era a ele que Paulo Pais se referia. O projecto prevê o surgimento de um grupo de trabalho responsável pelo levantamento, mapeamento e caracterização destas lojas consideradas singulares. Para além de possíveis medidas urbanísticas, financeiras e da área cultural relacionadas com este conjunto de espaços comerciais, será ainda elaborado um guia para turistas e residentes.
No início de Março, também o grupo cívico Fórum Cidadania LX tornou pública a criação do “círculo das lojas de carácter e tradição de Lisboa”, através do qual se pretende apoiar estabelecimentos comerciais emblemáticos e com actividade há pelo menos 50 anos ou que seja considerada uma “loja única” – isto é, cuja actividade seja a única de porta aberta; seja uma loja indissociável do próprio local ou onde tenham ocorrido “factos históricos”. Deste circuito, com uma estratégia colectiva de valorização, fazem parte uma vintena de estabelecimentos, como a Tabacaria Mónaco, a Casa Achilles, a Sapataria do Carmo, a Pastelaria Versailles ou a Farmácia Morão.
Texto: Samuel Alemão Fotografia: Carla Rosado
Mais vale tarde que…
Agora é que eles nunca mais têm contabilidade organizada…
Não sei se irá a tempo…
tão queridos…
Aí está uma iniciativa COERENTE com a oferta turística de Lisboa. http://t.co/Zy8mNlilTq
Tarde de mais, já fecharam…..
As Lojas tradicionais da Baixa: Desafios Presentes e Futuros / António Sérgio Rosa de Carvalho / Baixa Pombalina: Bases para uma Intervenção de Salvaguarda / Pgs. 93/100 /
É curiosa esta noticia,quando a propria Camara autoriza a construcao de grandes supermercados dentro de bairros emblematicos tal como Alvalade,onde existe algum reduto do comercio tradicional e vem agora incentivar esses mesmos negocios com algumas esmolas para tentarem se aguentar, que tamanha hipocrisia que reina neste Pais….
Não só estas lojas mas também as oficinas de artesãos que praticamente já desapareceram e era necessário que a Câmara criasse espaços onde se pudessem aprender estas artes que estão em extincao