Têm um ar um pouco antiquado, mas lá estão, velando pela limpeza dos jardins. Os painéis de aviso aos donos de cães começaram a ser instalados há dias em 23 jardins de Lisboa – Estrela, Parque Eduardo VII, Belém, Corredor Verde, Campo Grande e Campo Pequeno, Alameda D. Afonso Henriques, Príncipe Real são os locais citados por comunicado municipal. A sinalética lembra ser proibido os cães andarem sem trela e os cães perigosos sem um açaimo complementar e ser obrigatório que os acompanhantes dos bichos recolham os dejectos. “As fezes de um cão – avisam os painéis – alojam vírus, bactérias e parasitas perigosos para a saúde humana, sobretudo a das crianças”.
Sendo que nos jardins o controlo social é grande, talvez fosse de estender a cobertura sinalética aos bairros mais emporcalhos da cidade.Estes locais são habitados por um tipo de gente que, assim que o animal baixa os quartos traseiros e se espreme, descobre um ponto de interesse no céu ou nas partes altas dos prédios por entre os quais circula. É uma distracção pavloviana. Ataca muito na freguesia dos Prazeres, por exemplo. Numa manhã desta semana, o Jardim da Estrela, asseado e fresco, exibia os novos sinais nas duas entradas principais. Não há aqui dispensadores de sacos plásticos para os dejectos caninos, mas também onde os há andam quase sempre vazios. O Corvo, aliás, encontrou duas donas de cães prevenidas com as suas próprias saquetas. O cão sem trela avistado não constituía perigo: era do tipo arrastadeira francesa.
Texto e fotografia: Francisco Neves