Num dia quase de praia, milhares encheram ontem a Avenida da Liberdade para celebrar o 25 de Abril e protestar contra a crise que o país atravessa. Foi um desfile mais colorido e animado que o último que por ali passou, em Março. Nos passeios laterais, as garrafas de água andavam ao preço dos cravos: um euro comprava um par. Na sombra matava-se a sede e reviam-se pessoas que só ali por certo se encontrariam. Na faixa central desfilavam os muitos celebrantes do dia, grupos profissionais, políticos da oposição, anarquistas e animais insufláveis, um “cavalo de troika”, um chaimite da organização. No final do desfile, no Rossio, o representante da Associação 25 de Abril, coronel José Vilalobos Faria, declarou que “o momento é de emergência nacional” e que Cavaco Silva – personagem logo assobiada – “tem o dever de contribuir para a solução” do problema. À televisão, Vasco Lourenço lamentou: “Tudo o que cheira a Abril está a ser destruído. Este poder está a vingar-se” da revolução de 1974.
F.N.