A importância do espaço público e a utilização que dele se faz
As cidades são os lugares onde as redes de socialização assumem um carácter mais complexo. No seu seio, as pessoas estabelecem relações, conhecem outras, afastam-se, reaproximam-se, conhecem ainda mais pessoas, estabelecem parcerias, constroem rivalidades, forjam inimizades ou laços duradouros, tecem convicções e fermentam angústias. Lisboa não constitui excepção, como é óbvio. E, nela, o banco de jardim, onde por regra os mais velhos jogam às cartas, tem carácter de instituição aparentemente inabalável. Para estes habitantes, trata-se de um lugar vital.
Por isso, esta imagem, captada pelo Corvo, no último fim-de-semana, assume-se como bastante emblemática. Um grupo de homens de idade avançada manteve a sua partida de cartas, no local do costume, o Jardim Constantino, em Arroios, indiferente à provisória alteração do cenário. A Junta de Freguesia decidiu pintar as mesas e os bancos de metal daquele espaço público – sempre muito requisitado – e, enquanto a operação de manutenção não estivesse terminada, isolou a área com uma fita plástica. Embrenhados na sua jogatana, estes homens fizeram questão de manter a ligação a esta parcela do território urbano. Porque os lugares são importantes.